KLUEGER, Urda Alice. Tempo da Bolacha Maria, No. Blumenau:
Hemisfério Sul, 2002, 99 p.
Urda Alice Klueger é
natural de Blumenau- SC, publicou muitos livros como Verde Vale (1979), Nos
Tempo das Tangerineiras (1983), Cruzeiros do Sul (1992) e entre outros na
maioria romances ou crônicas de sua vida. A autora é também historiadora, e
membro da Academia Catarinense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico
de Santa Catarina e da Sociedade dos Escritores de Blumenau. Com esta obra a
autora pretendeu trazer um pouco de seus conhecimentos e os acontecimentos
marcantes de sua infância e juventude, narrando fatos que mexeram com o mundo
ou mesmo só com o Vale do Itajaí e de certa forma como influenciaram na sua vida.
O livro é dividido em 18 capítulos, que nada mais são que crônicas de sua vida,
e a escolha do título de “No tempo da Bolacha Maria” se da pelo fato de a
bolacha ter sido a principal guloseima na sua época e sempre esteve presente em
sua vida. No Tempo da
Bolacha Maria, nos traz uma noção de como era nossa região, Vale do Itajaí,
mais especificamente Blumenau, na época da juventude da autora. Um livro muito
interessante que nos mostra como era a realidade nas décadas de 1950, 1960 e
1970, e compara de forma engenhosa com a nossa atualidade. Ele nos transmite
muita cultura ao informar como era o passado na maioria das famílias, sendo
resumidos grandes momentos ocorridos pelo mundo e comparados com crônicas
vividas pela autora e pela sociedade local. Ele é dividido em vários capítulos,
todos contam histórias da escritora como a da antiga estrada de ferro, do
cinema caseiro, das velhas páscoas, e mostra as diferenças do passado para o
presente. No início do livro ela destaca sua conclusão sobre a páscoa atual:
“Fico entristecida quando vejo o
que a sociedade de consumo fez com a Páscoa: para a maioria das pessoas, hoje,
Páscoa significa ir ás Lojas Americanas disputar ovos de chocolate anunciados
como os mais baratos do Brasil, muitas vezes levando junto às crianças para que
elas próprias escolham sua marca preferida”p.26
Mostra também as crenças, guloseimas e objetos de luxo da
época. Onde que a famosa Bolacha Maria era iguaria em seu tempo, que a cegonha
era a responsável por trazer os bebês e o significado do relógio na época
caríssimo e usado apenas como um simples adorno e como forma de status social. Essa
frase destaca algumas destas diferenças que ocorreram com a modernidade.
“Eu cresci no tempo antigo, antes
da televisão, da geladeira, dos supermercados e das guloseimas sofisticadas de
hoje.”p.50
Também
retrata acontecimentos históricos como a construção do grande Muro de Berlim, a
ditadura militar, a produção do filme “Férias no Sul” em Blumenau e a corrida
espacial entre EUA e URSS. Explicando como esses acontecimentos mexeram com as
pessoas da época, muitas vezes havendo dúvidas e revoltas por conta dos ocorridos.
Para fazer com que o leitor se interesse a continuar a leitura ela faz uma
pergunta sobre um dos temas que a deixava mais revoltada, a ditadura, veja:
“Antes do
governo Sarney, porém, vivemos a Ditadura, e ela nos impingiu coisas mais
ridículas ainda. Lembram-se do que aconteceu em 1972?” p.70
Para
finalizar conta histórias do seu maior herói, o pai dela, no capítulo “O dia em
que descobri que amava meu pai”. Veja como ela finalizou o livro:
“E no meio da
escuridão foi aparecendo o farol da sua bicicleta, e ele assobiou de novo! Não
preciso contar como estava meu coração! Foi naquele dia que descobri que amava
meu pai!” p.99
Enfim,
o livro nos faz perceber o quanto era diferente as coisas antigamente, as
crenças, as culturas, a liberdade, o jeito de pensar. Enfim, por conta da
modernidade muitas coisas melhoraram enquanto outras foram para pior, e cabe a
nós resgatar as tradições mais antigas para tentarmos com uma forma de
equilíbrio com as conquistas da atualidade tornarmos desta sociedade o máximo
possível do ideal. Eu
indico esta obra a todos os leitores que apreciam o estudo da história de
gerações passadas, e que goste muito de refletir sobre as falhas e os sucessos
da humanidade.
Gabriel Dalmolin