31 de agosto de 2018

As veias dilaceradas

Após 4 anos é hora de retornarmos às urnas para as eleições majoritárias. Depois de vermos cotidianamente a dignidade do cidadão brasileiro cair numa fossa profunda e obscura, é a hora de mirar uma luz no fim do túnel. É incrível como a política nacional tenha declinado ladeira à baixo de uma maneira imensurável. E não estou discutindo apenas corrupção, esta intrínseca desde a consolidação da República, mas sim do tom conservador/reacionário que vem assolando o país em temas que há 10 anos já eram tidos como ultrapassados. O ódio para com o "outro" dilatou-se de maneira significativa em uma dicotomia há muito não vista. Um congresso do Boi, do Banco e da Bíblia que comanda a Nação, mesmo sendo grupos que não possuem grande representatividade na população em geral, enquanto mulheres e negros ainda sofrem com o preconceito diário, sufocando em seu silêncio avassalador. Os valores se perderam. A soberania da nação? Também. Agora é tudo "Estado Mínimo", mas esse neoliberalismo só engradece 1% da população e as multinacionais, que por sua vez, engrandecem os "Grandes Estados" com seus impostos. O individualismo vem destruindo cada vez mais o coletivismo. Não se pensa mais em ser e, sim, produzir. Racismo, xenofobia, machismo e homofobia que haviam ficado trancafiados por tanto tempo no interior do cidadão "de bem" vem se espalhando na mesma proporção das notícias falsas pelas redes sociais. A imoralidade? Só aumenta. Ninguém mais tem palavra. Vivemos um caos completo. Usando as palavras de Eduardo Galeano, nossas veias não estão só abertas, estão completamente dilaceradas pela faca afiada da intolerância e a as perspectivas para estancar a profusão das feridas deixadas da dignidade brasileira, não são das melhores. Infelizmente.

Gabriel Dalmolin