28 de setembro de 2018

Uma década de colorado

Hoje é um dia especial, pois completa 10 anos desde a primeira partida que acompanhei oficialmente como torcedor colorado. Justamente, em um gre-NAL, vencido por 4x1, contra um Grêmio que era líder, enquanto o Internacional, embalaria para se tornar o primeiro brasileiro campeão de tudo. O ano seguinte, marcava o centenário do clube, e apesar do futebol vistoso, somamos três vice-campeonatos, perdendo um Brasileiro de forma polêmica, com o rival entregando a paçoca na última partida. Por cerca de 1 hora, fomos campeões nacionais. Mas a história havia de ser diferente. Chegou 2010, e com isso a Libertadores. Uma série de coincidências com o título de 2006 cercavam o clube. As pesquisas apontavam o Inter como o brasileiro com menos chances de ser campeão, mas um time aguerrido, repleto de velhos ídolos conseguiu provar o contrário. E depois de garantir vitórias, muitas vezes no último minuto. O Internacional pintava a América de Vermelho NOVAMENTE! Estávamos no Mundial! E para quem havia vencido o Barça de Ronaldinho, a nossa xará Internazionale (que havíamos vencido 2 anos antes com um golaço de bicicleta de Nilmar), não seria problema. Mas, as decepções também viriam, e o "efeito Mazembe" foi dos mais doídos de engolir. Nunca um sul-americano havia ficado de fora de uma final do torneio. Virávamos chacota internacional...Nem D'Alessandro ser o melhor jogador da América serviu de consolação.

Mais um ano viria, e nosso ídolo Falcão veio nos ajudar. Após perdermos em nossa casa contra o rival na final, replicamos o placar como visitante, vencendo também nos pênaltis, erguendo a última taça do Olímpico Monumental. Gre-nais, sempre foram nossa especialidade, e foi vencendo um na última rodada do campeonato que conseguimos uma vaga na Libertadores, era a terceira seguida. Um recorde quebrado. Os anos seguintes tiveram altos e baixos, mas tivemos a honra de ter o melhor jogador da Copa do Mundo, Diego Forlán em nossa equipe.Em 2014, voltamos a ser competitivos e voltamos à Libertadores, novamente. Naquele mesmo ano vencemos o gauchão, vencendo nosso maior rival duas vezes, sendo na finalíssima um novo 4x1. Com direito a gols de D'Alessandro e Alex, igualzinho daquele jogo longínquo de 2008. Naquele ano também fomos sede de Copa do Mundo, à exemplo de 1950, o Beira Rio estava mais lindo do que nunca. Um verdadeiro caldeirão vermelho.

Um novo ano se reabria, e novamente sob a liderança de D'Alessandro o Inter se tornava competitivo, vencemos o gauchão novamente, e chegamos até as semifinais da Libertadores, eliminados às vésperas do meu aniversário de 18 anos. Foi um baque triste, mas suportável. Todavia, uma crise se instalaria desde então. O Inter demitiria seu técnico Diego Aguirre, e o auxiliar assumiria para o gre-nal. Resultado? Aquele fatídico 5x0, em pleno dia dos pais, que todos gostaríamos de esquecer. Daí em diante o time não seria mais o mesmo. Ficamos de fora da Libertadores, D'Alessandro foi emprestado pro River Plate e começamos 2016 com desconfiança, fomos hexacampeões estaduais e chegamos a ser líder do campeonato. Mas tudo desengrenou! De repente, engatamos 14 partidas sem vencer. Parecia inacreditável, acreditamos até o fim. Mas o rebaixamento foi inevitável. Um time apático, sem a tradicional garra de sempre. Pior do que ser rebaixado, foi a repercussão da fala de nosso ex-presidente Fernando Carvalho sobre o ocorrido da trágica história da Chapecoense. Como catarinense o sofrimento era maior ainda. Passamos a ser, injustamente, os vilões da história. A imprensa fazia de tudo para incriminar o clube de qualquer coisa que pudesse. Perdíamos nossa dignidade.

O clube que havia sido por tanto tempo um modelo de gestão e um dos mais bem-sucedidos financeiramente, caíra em colapso. Juntamente com o rebaixamento viera as dívidas. O clube estava quebrado, arrasado por uma gestão incompetente, que além de destruir o clube, criara uma cultura do ódio entre a própria diretoria. Chegara 2017, e iniciávamos perdendo a hegemonia no estado para um desconhecido Novo Hamburgo. Então chegou o fantasma da Série B, onde sofremos do começo ao fim para regressarmos. O ano findou, e pela primeira vez durante nove anos, passei um ano como colorado sem títulos. O ano que estava por vir não parecia ser nada bom. Nova queda, será? O que seríamos de nos colorados? Quem poderia nos defender?

Pois lembra do auxiliar que havia comandado o time no fatídico 5x0? Ele assumira oficialmente o time, e aos poucos foi impondo seu estilo de jogo. O time já não mais dava balão e recuava desesperadamente, aos poucos havia um padrão de jogo, ainda tímido. O primeiro semestre ainda havia sido controverso, mas tudo mudara a partir de um 0x0 com o Grêmio na casa do rival, onde sem nosso camisa 10, nos obrigarmos a criar uma retranca. Parecia pouco para um time de nossa grandeza, mas naquela altura o rival havia invertido a balança, vencido tudo que disputara, enquanto nós havíamos decaído de maneira desmedida. Mas foi a partir daí que voltou a confiança, começamos a surpreender e a calar a boca de todo mundo e quando percebemos estávamos novamente no topo, vencendo dentro e fora, jogando bonito, com vontade, contando com a sorte, às vezes, também. Nossa dignidade, havia sido restaurada!

Mas afinal, por que escolhi ser colorado? Admito que o fato de ser um catarinense imbuído da cultura gaúcha colaborou bastante, bem como os títulos recentes. Embora, no momento em que escolhi torcer o time não estava nas melhores posições (11º), nem havia embalado com um bom futebol. Certamente pesou o passado glorioso, o histórico do clube associado aos menos favorecidos socialmente, a simplicidade, mas sobretudo, seu manto sagrado: a camisa vermelha. Afinal de contas, vermelho é a cor do povo. E eu escolhi torcer para o clube do povo do Rio Grande do Sul! Pois bem, estava feito o matrimônio, que hoje completa bodas de estanho, onde na alegria e na tristeza, nunca deixarei de ser COLORADO!

19 de setembro de 2018

Palavras ao vento

Vivemos um caos político, moral, ideológico. Nesse contexto, nada me frustra mais do que o discurso de ódio da atual conjuntura nacional. Ódio ao diferente. Ao negro. Ao indígena. À mulher. Ao homossexual. Ao pobre. E a apologia à violência? À Ditadura? Parece que vendaram os olhos e deram as costas para o passado brasileiro. 

Corrupção, sem dúvida é um problema. Sem embargo, o "falso moralismo" também o é. Convencionou-se a bater no peito para provar sua integridade, mas negligenciam que "honestidade" também é falar a verdade do que pensa, admitir sua personalidade. O oposto é negar-se a dizer que é homofóbico, misógino, racista, enquanto suas declarações provam totalmente o contrário. E não foi um caso isolado. São declarações constantes. Infindáveis. Lastimantes. 

Ouve-se palavras genéricas respondidas com messianismo por parte significativa do eleitorado. Propostas? Vagas...Para não dizer nulas. O que aparece são no máximo duvidosas, com o intuito de beneficiar uma parcela pífia da população: os mais ricos. Propõe-se o Estado Mínimo. As grandes nações agradecem! Pois enquanto o país símbolo do capitalismo intervém para proteger as empresas nacionais (inclusive privadas), o Brasil entrega de bandeja! Enquanto vendemos nossas riquezas, estatais nórdicas com o maior IDH do mundo compram o que é nosso. Algo no mínimo, contraditório.

E o que dizer da total destruição do legado de Cristo? Usar da fé para angariar votos é um ato desprezível. Distorcer a figura de profetas do passado que semearam amor e compaixão, tão deplorável quanto. Estamos fragmentados. Divididos. Em uma bipolarização medíocre entre coxinhas e mortadelas. O Brasil é mais que isso! Tem mil faces e a diversidade foi sempre nossa bandeira. Cabe a nós juntos unirmos forças para desmobilizar essas palavras ao vento e pacificar o ódio encrustado no fundo do coração de milhões de brasileiro.

#elenão

Gabriel Dalmolin